Outeiro do Louriçal vai ter a sua segunda noite dedicada ao cinema português
Escrito por 97fm Rádio Clube de Pombal em 2024-11-18
Em Maio deste ano, o Grupo Desportivo Cultural e Recreativo (GDCR) do Outeiro do Louriçal, organizou a sua primeira sessão de cinema, exibindo na altura o filme “Alma Viva”, de Cristèle Alves-Meira. O sucesso da iniciativa, que encheu o salão da colectividade, motivou a associação e o mentor da ideia, o lusodescendente com raízes no Outeiro do Louriçal, Mickäel Cordeiro, a avançar com uma nova sessão. A segunda noite dedicada ao cinema português, pensada para um público de todas as idades, vai acontecer no próximo dia 30, novamente na sede do GDCR do Outeiro do Louriçal, projectando não só uma longa-metragem, mas também duas curtas. Em exibição no dia 30, a partir das 20h30, estarão “Comezainas”, de Mafalda Salgueiro; “As Nossas Primaveras Passadas Não Voltam Mais”, de Joel Cartaxo Anjos; e “Os Demónios do meu Avô”, de Nuno Beato. A entrada é gratuita e as reservas podem ser feitas na página https://www.eventbrite.com/e/sessao-de-cinema-n2-na-associacao-do-outeiro-do-lourical-tickets-1078571238609.
“Comezainas” é uma curta que é também uma ode “a um dos gestos mais carinhosos”, que é o de cozinhar. Trata-se de uma obra de animação que nos leva ao longo da preparação de uma refeição e às diversões e dinâmicas que este quotidiano familiar propicia. Foi realizado por Mafalda Salgueiro que também tem já uma relação com o Outeiro do Louriçal. No ano passado, também impulsionada por Mickäel Cordeiro, pintou um mapa que representa a memória da aldeia da freguesia do Louriçal.
Em “As Nossas Primaveras Passadas Não Voltam Mais”, Joel Cartaxo Anjos filmou os seus avós em tempos de pandemia. Casados há 60 anos, António vê a sua esposa ir viver para uma casa de repouso. Com as visitas proibidas, e com o agravamento da doença de Alzheimer de que a mulher padece, “ele passa os dias à espera de a voltar a ver, com medo de que as memórias de uma vida a dois desapareçam”. Esta curta metragem estreou, em Agosto deste ano, na televisão francesa.
Por último, “Os Demónios do Meu Avô” é uma longa metragem portuguesa de animação, feita em stop-motion. Rosa regressa às suas origens, em Vale do Sarronco, depois de saber que o avô, de quem se tinha afastado nos últimos anos, morreu. Começa a recuperar a velha casa da família e tenta também perceber porque é que os habitantes da aldeia não parecem gostar muito da sua presença. O filme tem uma banda sonora incrível composta pelos Gaiteiros de Lisboa e e usa figuras inspiradas no trabalho da ceramista Rosa Ramalho.
A ideia da organização desta sessão de cinema surgiu depois de uma conversa entre Mickaël Cordeiro, a presidente do GDCR Outeiro do Louriçal, Cátia Ramos, e os membros da direção. Citado numa nota de imprensa, o lusodescendente realça que tem vindo a realizar algumas iniciativas através do grupo privado que criou no facebook sobre o Outeiro do Louriçal. A par disso, convidou também artistas para fotografar ou desenhar as casas, as ruas e as gentes da aldeia. “ Depois do sucesso da primeira sessão de cinema que organizámos, queria criar uma noite dedicada à diversidade do cinema português e pensar numa programação para todas as idades”, diz Mickäel Cordeiro, antes de frisar que a colectividade e a presidente aceitaram o desafio “e estão a criar todas as condições para que seja mais uma vez um sucesso”. O mentor mostra-se também feliz por poder apresentar a curta-metragem de Mafalda Salgueiro, “que conhece bem a nossa aldeia por ter realizado o mapa há dois anos”, e diz que a escolha da segunda curta-metragem e da longa é “uma homenagem aos meus dois avôs e à minha avó paterna, que infelizmente faleceram nestes últimos anos. Gostava também muito que a minha avó materna pudesse assistir a esta noite de cinema para que eu possa dizer que fui ao cinema com uma das minhas avós”, diz Mickäel em jeito de pedido.
Já Cátia Ramos, agradece e reconhece “toda a dedicação e empenho do Mickaël na concretização da 2ª sessão de cinema num lugar tão pequeno, comparado ao país onde vive, mas que tanto lhe diz e onde estão as suas raízes”. A presidente do GDCR Outeiro do Louriçal agradece-lhe também “por contribuir para o enriquecimento cultural de todos nós, e por ser um nosso aliado ao pedir que todos saiam de casa e venham à colectividade”.