Mulheres portuguesas realizadoras no novo ciclo do Cineclube de Pombal

No mês em que se assinala o Dia da Mulher, o Cineclube de Pombal dedica a sua programação a filmes realizados por mulheres portuguesas. A programação inclui oito filmes, quatro curtas-metragens e quatro longas, que vão do documentário à ficção. A última sessão deste ciclo vai contar com a presença da realizadora Margarida Cardoso que virá a Pombal falar sobre o seu mais recente filme, “Banzo”, que será exibido nessa noite.

Nos últimos anos, o cinema português tem vindo a registar um aumento no número de filmes realizados por mulheres. Mas este é um dado que tinha que acontecer, quase forçosamente. Isto porque, até 1974, apenas há registo de uma longa-metragem assinada por uma mulher, em Portugal. Foi em 1946 que Bárbara Vírgínia estreou “Três Dias sem Deus”. E entre esse ano e 2009, são 40 os filmes realizados por mulheres, o que dá uma média inferior a um filme por ano. As mulheres são muitas vezes invísiveis em várias áreas da sociedade e mesmo na criação artística, da qual o cinema faz parte. E isto não é uma crítica apenas ao panorama nacional, porque é um debate que já tem vindo a fazer-se em vários pontos do globo. É por isso mais que justo que nos debrucemos no olhar feminino por detrás das câmaras e é, sobretudo por isso, que o Cineclube de Pombal pretende, com o seu próximo ciclo, homenagear as mulheres portuguesas que se dedicam à 7ª arte.

A primeira sessão do ciclo “Cinema Português no Feminino” acontece hoje (dia 5), abrindo com a curta “As Pioneiras do Cinema em Língua Portuguesa” (2023), de Luísa Sequeira, uma introdução ao cinema feito por mulheres lusófonas. Será também exibido “O que Podem as Palavras” (2022), de Luísa Sequeira e Luísa Marinho, que traça um retrato íntimo das “Três Marias”, que em 1972 publicaram o livro “Novas Cartas Portuguesas”. Esta exibição ganha especial destaque dado o recente falecimento de Maria Teresa Horta, a 4 de Fevereiro deste ano.

O ciclo prossegue no dia 12, com a curta “O Jardineiro do Convento/A Jardineira do Convento” (2023), de Patrícia Neves Gomes, e a longa “Máscaras” (1976), de Noémia Delgado. Este último, disponibilizado pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema em cópia restaurada, é o terceiro filme realizado por uma mulher portuguesa. Trata-se de um documentário que ilustra tradições seculares do nordeste português. No dia 19, é exibida a curta metragem “O Pomar” (2024), de Ana Manana e Joana Lourenço, e “Glória” (1999), de Manuela Viegas, este também numa cópia restaurada pela Cinemateca Portuguesa. Por fim, na sessão do dia 26, o público poderá assistir a “Amanhã Não Dão Chuva” (2024), de Maria Trigo Teixeira, e “Banzo” (2024), de Margarida Cardoso. Estreado em Janeiro deste ano, a acção de “Banzo” decorre no Portugal colonialista do início do séc.XX, quando um médico da metrópole chega a São Tomé e Princípe, deparando-se com vários suicídios de trabalhadores que terão perdido o gosto pela vida.

Todas as sessões têm entrada gratuita e estão marcadas para as 21h30, no mini-auditório do Teatro-Cine de Pombal, com excepção da sessão do dia 19, que se realiza no Auditório Municipal, no edifício da Biblioteca de Pombal.