Manuel António e Jorge Rolo debateram processo de desagregação das freguesias do Oeste
Escrito por 97fm Rádio Clube de Pombal em 2022-09-16
Pelos estúdios da 97fm Rádio Clube de Pombal acabam de passar Manuel António e Jorge Rolo, num debate onde os intervenientes deram a conhecer alguns dos principais argumentos para as suas posições naquele que é o processo de auscultação pública relativo à desagregação de freguesias, na União das Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca.
Recorde-se que este domingo, 18 de Setembro, a população é chamada a contribuir com a sua opinião sobre se querem, ou não, que aqueles territórios sejam desagregados.
De acordo com Manuel António, em representação do “sim à desagregação das freguesias”, aqueles territórios, “com cerca de 80 quilómetros quadrados”, devem ser desagregados, uma vez que “quando aconteceu a agregação não houve qualquer vontade popular”, tendo sido “algo imposto”, recordando o que “aconteceu há 10 anos”, mais “precisamente entre Julho e final de Setembro/Outubro de 2013”, em que o “Governo, por lei, impôs que das 17 freguesias do concelho de Pombal, teriam de se reduzir quatro”, num processo “que foi extremamente contestado, que foi imposto, ou seja para o qual não havia solução”.
O guiense relembra que, “na altura, todo o executivo camarário, presidido por Narciso Mota, votou contra” aquela medida, com a Assembleia Municipal a “fazê-lo, também”. Para Manuel António, “infelizmente a vontade dos municípios não contava e seguiu em frente”, e afirma que “a União nasceu, logo à partida, mal e fruto de uma situação imposta, que a população nunca aceitou”, reitera.
Dez anos depois, “o contexto histórico é muito importante” e assume que “se perdeu a identidade”, com uma “governação mais distante” e onde “se perdeu, também, a proximidade e o envolvimento”, e relembra que “as freguesias são as bandeiras das comunidades”.
O ex-autarca diz que “é muito difícil governar uma área tão grande no modelo autárquico” existente, sendo que “não há nenhuma freguesia com esta dimensão e com este grau de exigência”. Um território com “cerca de 80 quilómetros quadrados, com quatro equipas de futebol sénior e duas filarmónicas”, dá o exemplo. Tratando-se de “uma zona de grande potencial de crescimento”, Manuel António acredita que “fomos muito melhores quando tínhamos três freguesias, que colaboravam entre si e que neste contexto perde-se essa energia e força, por dispersão dos trabalhos que têm que ser feitos”, assumindo a posição de que “não é possível trabalhar em qualidade”.
Já Jorge Rolo defende a não desagregação dos territórios, e imputa “razões políticas” ao processo, “que acontece simplesmente por uma luta e uma oportunidade política para o PSD”. O guiense admite que, actualmente, a União das Freguesias “é gerida por independentes e, caso haja uma oportunidade”, coisa que acredita que “não vai haver”, será “uma oportunidade soberana para o partido hipoteticamente recuperar as três freguesias”.
Jorge Rolo acusa, durante a sua intervenção, de que “há burburinhos” e “muitas pessoas à espreita, que se estão a alinhar perante uma oportunidade, para estar mais perto do poder” e “mais perto do tráfico de influências”. E afirma que, uma década antes, “Manuel António tinha uma perspectiva completamente diferente da que tem hoje”, quando “apresentou junto da Assembleia Municipal, enquanto autarca de uma das freguesias, uma proposta para agregar as freguesias”.
Em relação à perda de “proximidade”, defendida pelo opositor, Jorge Rolo afirma que “é para rir”, até porque “uma pessoa que está na Guia demora dois minutos a chegar à Mata Mourisca, ou cinco minutos a chegar à Ilha”.
Acreditando que “não vai acontecer” a desagregação das freguesias, considera que “este acto eleitoral, para além de absolutamente mal organizado, é um atentado à democracia”, que “não tem efeitos práticos na decisão da Assembleia da Republica”.
Manuel António acusa o mandatário do projecto Oeste Independente, Jorge Rolo, de “estar muito preocupado com a tomada das freguesias por outros partidos” sendo que “esse não é o foco”. O ex-autarca aproveitou a oportunidade para fazer uma declaração pessoal: “apesar de dizer sim à desagregação, não sou candidato a lugar executivo algum, caso o processo venha a acontecer”. E afirma que “dizer que estão em causa apenas questões políticas é falácia”.
Caso não tenha tido oportunidade de ouvir a transmissão através da 97fm Rádio Clube de Pombal, ou pretenda rever as intervenções de Manuel António e Jorge Rolo, o debate pode ser ouvido na íntegra aqui: Vídeo do debate